ELIZETH CARDOSO, EPIFANIA DA DIVINA, COMPLETA CEM ANOS
Há exatos 100 anos, nascia, no Rio de Janeiro, uma das maiores estrelas do céu cultural brasileiro: a cantora Elizeth Cardoso.
Oriunda de uma família humilde do subúrbio carioca e caçula de seis irmãos, tinha o sonho de tornar-se artista, desde a mais tenra idade. A música sempre esteve presente em sua casa, através de seu pai, Jaime Moreira, exímio violonista e seresteiro nato; mas também por sua mãe, Maria José, que adorava cantar, enquanto fazia suas atividades domésticas.
Nessa época, já se apresentava para outras crianças, acompanhada pelo pai, cantando as canções de Vicente Celestino (1894-1968), o maior ídolo de então. Nos finais de semana, frequentava com sua família, a casa da famosa tia Ciata, onde conviveu com importantes músicos da época.
Mas, nem tudo foram flores em sua vida! Devido às dificuldades financeiras enfrentadas em casa, precisou, assim como seus irmãos, abandonar os estudos e começar a trabalhar, aos 10 anos, para ajudar no sustento da família. Até que, em 1936, quando tinha dezesseis anos, a sua vida mudou! Nesse tempo, ela teve sua primeira festa de aniversário, na casa de seus tios. Estavam presentes grandes músicos, como Pixinguinha, Dilermando Reis e Jacob do Bandolim, que a convidou para um teste na Rádio Guanabara, em que foi aprovada e, logo em seguida, conseguiu gravar o primeiro disco.
Um pouco depois, participou do Programa Suburbano, ao lado de Noel Rosa, Vicente Celestino, Moreira da Silva, Aracy de Almeida e Marília Baptista. Desde então, o sucesso tornou-se uma constante em sua vida. Foram mais de cinco décadas de carreira, sendo reverenciada no Brasil e no exterior. Acabou recebendo a alcunha de “Divina”, por sua qualidade vocal e interpretativa.
Em 1964, coube a ela a gravação do LP que introduziu o que viria a se chamar de Bossa Nova no mercado fonográfico, intitulado “Canção do Amor Demais”, lançado pelo selo Festa, com composições exclusivas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, além da participação do até então desconhecido João Gilberto ao violão, acompanhando-a na faixa “Chega de Saudade”. Anos depois, tornou-se a primeira cantora popular brasileira a interpretar Villa Lobos, quando foi escolhida por Diogo Pacheco, para defender as “Bachianas Brasileiras Nº 5”, no Teatro Municipal de São Paulo.
Em 1968, participou de um show antológico, ao lado de Jacob do Bandolim, Zimbo Trio e Época de Ouro, no Teatro João Caetano, que rendeu um disco elogiadíssimo pela crítica. Moderna e incansável, fez turnês por vários países do mundo (tendo ficado bastante popular no Japão, onde gravou um LP ao vivo), gravou grandes clássicos da MPB, como “Canção de Amor”, “Manhã de Carnaval” e “Naquela Mesa”, além de hits de compositores posteriores à sua geração, como Chico Buarque e Caetano Veloso, fazendo também parcerias com Raphael Rabello, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Alcione e Maria Bethânia, dentre outros colegas.
Cantando até o fim da vida, nos deixou aos 69 anos, em 1990, vítima de um câncer. O ano de 2020 marca o centenário de nascimento e as três décadas da morte desta que foi uma verdadeira diva da cena musical do Brasil e uma das mais talentosas vocalistas de todos os tempos, digna de várias homenagens à sua vida e obra. Viva Elizeth! Viva a “divina”!
Texto por: Davi Luiz Vieira
Uma grande cantora que inspirou gerações
ResponderExcluirUma diva da musica brasileira.
ExcluirMaravilhosa!!! De uma voz divina!!!
ResponderExcluirque seja uma inspiração para você;
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