SALVE O REI! ROBERTO CARLOS CHEGA AOS 80 ANOS, REINANDO NO CORAÇÃO DO SEU PÚBLICO
“Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”. Hoje, especialmente, a emoção toma conta dos inúmeros súditos de Roberto Carlos, o Rei da música brasileira, que completa 80 anos de idade.
O pequeno capixaba de Cachoeiro do Itapemirim, nascido em 1941, que ouvia Bob Nelson, cresceu e tornou-se um dos maiores nomes da música brasileira e latino-americana. Ídolo das multidões, é o maior fenômeno de popularidade da história do nosso cancioneiro popular, amado e reverenciado por gerações de fãs.
Não há uma só pessoa que não conheça, pelo menos, alguma canção do seu repertório! Roberto é cantado de norte a sul e de leste a oeste, por idosos, adultos, jovens, adolescentes, e até, crianças.
Mas, isso não é nenhuma surpresa! Afinal, trata-se do maior recordista em vendagem de discos do país e um dos maiores do mundo. Estima-se que, ao longo de seus 62 anos de carreira fonográfica, já vendeu mais de 150 milhões de cópias. Apenas na América Latina, vendeu mais exemplares que os Beatles, o que dimensiona um pouco do seu tamanho.
Imortalizado por clássicos como “Emoções”, “Desabafo”, “Café da Manhã”, “Esse Cara sou Eu” e “Além do Horizonte”, todos resultados da parceria com Erasmo Carlos, seu inseparável amigo desde a juventude, e com quem dividiu boa parte dos holofotes no início da carreira.
Sob a influência dos vozeirões da Era do Rádio, a exemplo de Nelson Gonçalves e Cauby Peixoto, deu seus primeiros passos musicais. Depois, veio a inspiração na Bossa Nova de João Gilberto, gênero que cantava crooner da Boate Plaza, e que chegou a gravar em seu primeiro compacto, em 1959.
Mas, foi o rock’n roll de Elvis Presley que o impulsionou e formou o seu repertório, quando criou a banda Suptniks, ao lado de Tim Maia, Edson Trindade e Arlênio Lívio, no final dos anos 50, época em que conheceu Erasmo Carlos, seu “irmão camarada”, com quem percorreria “tantos caminhos e tantas jornadas”.
Nos tempos da Jovem Guarda, Roberto, Erasmo e Wanderléa dominavam as paradas de sucesso e ditavam moda, em plena Ditadura Militar. O movimento liderado pelos três, sobretudo, por causa do programa homônimo exibido pela TV Record, influenciou nomes como Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Rosemary, Vanusa e Ronnie Von; além de bandas como The Fevers, Renato e seus Blue Caps, Golden Boys e Os Incríveis.
Nesse período, era comum os cantores nacionais gravarem versões de músicas estrangeiras, principalmente, do rock, que imperava no mundo. Roberto e muitos outros entraram na onda, garantindo a felicidade de milhões de brotos e bad-boys. A inspiração em bandas como Beatles e Rolling Stones era gigante, e refletia-se na escolha do repertório, bem como do vestuário.
Sua estréia no cinema aconteceu em 1967, quando estrelou o filme “Em Ritmo de Aventura”, cuja trilha sonora incluía sucessos como “Quando”, “Eu sou terrível”, “Por isso corro demais” e “De que vale tudo isso”. Viriam ainda os longas “A 300 KM por Hora” e “O Diamante Cor de Rosa”.
Nesse período, foi nomeado por Chacrinha o “Rei da Juventude”. Sua presença era constante em programas de auditório e sua carreira marcada nas páginas de jornais e revistas, como “Intervalo”, “Manchete” e “Amiga”.
Com o declínio da Jovem Guarda, entre o final da década de 60 e início dos anos 70, o Rei transitou pela música negra, sobretudo, o soul, o funk e o gospel, quando gravou, por exemplo, “Não vou ficar”, de Tim Maia, que ganhou seu primeiro sucesso como compositor. Sobrou espaço ainda para “Jesus Cristo”, “Como Dois e Dois” e “As Curvas da Estrada de Santos”.
Mas, a consagração definitiva viria com a adoção do estilo “romântico”, que desde os primórdios das gravações sempre teve um lugar cativo na alma brasileira, através de modinhas, sambas-canção, boleros e valsas. Falando diretamente ao coração dos apaixonados, Roberto firmou o seu reinado, não mais apenas da juventude, mas da música popular brasileira verdadeiramente popular. Seus discos eram escrachados pela crítica especializada, mas amados pelo povão. Situação semelhante acontecia com outros ídolos populares, como Agnaldo Timóteo, Nelson Ned, José Augusto e Odair José.
Seu sucesso arrebatador, que já havia levado seu nome à Itália, onde venceu o Festival de San Remo, em 1968, com “Canzone per Te”, de Sergio Endrigo, fez dele um dos maiores ícones musicais de toda América Latina, ao lado de Júlio Iglesias e Luis Miguel. Gravou em espanhol, inglês e italiano. Cantou nos quatro cantos do mundo. Em 1988, venceu o Grammy Awards, na categoria de melhor cantor de música latina.
A vida pessoal é tão intensa quanto a carreira. Foram três casamentos, vários namoros e paixões secretas, algumas perdas pelo caminho, como as das esposas Nice, mãe dos seus três filhos, e Maria Rita. Sua vida amorosa serviu de base para muitas de suas obras.
Após mais de seis décadas de carreira, segue cantando e encantado seus ouvintes, seja em shows Brasil a fora em casas e estádios lotados, nos seus cruzeiros e no tradicional especial de fim de ano, apresentado pela Rede Globo. Canções como as dele são “coisas muito grandes pra esquecer” e “à cada hora vão estar presentes” nos “detalhes de uma vida”, em “jovens tardes de domingo” ou quando “tudo em volta está deserto”, “à beira de um caminho que não tem mais fim”, encaixando-se à realidade de quem as ouve, como “côncavo e convexo”, ensinando, “custe o que custar”, que “é preciso saber viver”. Parabéns, Roberto!
Texto por Davi Vieira
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