120 ANOS SEM CLEMENTINA DE JESUS
“Eu não sou daqui, marinheiro só. Eu não tenho amor, marinheiro só. Eu sou da Bahia, de São Salvador”. Estes versos se imortalizaram no vozeirão grave e rouco de Clementina de Jesus, nascida em Valença, que completaria 120 anos na data de hoje, se viva estivesse. Revelada aos 63 anos, pelo produtor, compositor e historiador musical Hermínio Bello de Carvalho, a nossa querida Rainha Quelé saiu do anonimato e converteu-se numa das maiores expressões da música popular brasileira. Neta de escravos da região de Diamantina (MG), ex-empregada doméstica, lavadeira e mulher negra simples do povão, Clementina foi, nas palavras do professor Darcy Ribeiro, “a voz dos milhões de negros desfeitos no fazimento do Brasil”. Ela trazia na garganta o canto forte e reprimido da população que carregou este país nas costas, ao longo de três séculos, às custas de penosos e forçados trabalhos. Nela, estava presente a própria história do nosso país! Apesar de católica fervorosa e devota de Nossa Senhora da Con